Viver é uma arte – diz o poeta. E arte não é apenas o resultado de uma habilidade, algo que se admira, que atinge os sentidos, inculta prazer e reflexão. Arte também é trabalho, na medida em que todo trabalho é esforço empregado, é disposição para realizar, é labuta. Assim, a vida exige algumas tarefas de quem está a viver.
Poderíamos pensar nas tantas tarefas que nos são impostas ao longo da vida, desde a mais primitiva necessidade de succionar para obter alimento, passando pelas necessárias explorações e interações com o meio, as exigências sociais e de sobrevivência, como estudar, aprender, trabalhar, até as exigências que configuram o mundo interno de cada um, como expressão de valores, sentimentos ou ideologias.
Para além das tarefas como obrigações externas, compromissos, ou mesmo aquelas que ecoam internamente por efetivação, há o que se lapidar como tarefa intrínseca à existência humana. Há algo que a vida exige dos Homens, como movimento antropológico. E o que se impõe a todos os homens e mulheres? Do que necessita o Homem para construir a si mesmo? Podemos refletir sobre algumas ferramentas ou habilidades, as quais também necessitam de construção e, por que não dizer, constituem a própria arte de viver.
Freud postula que “a principal tarefa de uma existência é compreender a própria mente”. E diante dos conflitos, dos traços abstratos, do movimento incompreendido, da nota em desarmonia… O que fazer?
A arte vem dizer que “o que a vida quer da gente é coragem” (Guimarães Rosa). Coragem para decifrar o sentido e transcender a realidade. Coragem para enxergar e alçar o outro lado, outro ângulo, outras possibilidades. Esta é a principal tarefa de uma Psicoterapia.
Ao medo e à dúvida: confiança. À incerteza: aposta. Ao desconhecido: abertura. Aos vícios: desprendimento. Ao erro: mudança. Aos desafios: bravura. Ao sofrimento: enfrentamento. E a cada situação, a mistura única de experiências e de coragem. Um trabalho que se faz a várias mãos, que ora ofertam e ora solicitam, mas para todas se exige coragem!