A necessidade de encontrar respostas às perguntas que se impõem ao longo da vida é condição para o surgimento das ciências, das crenças e outras tantas explicações que dão sentido às diversas indagações do ser humano. O desejo de conhecer move a criança a explorar os objetos, a questionar através de seus “porquês” e a experimentar as misturas de cores e sabores, na expectativa de descobrir o mundo que existe além de si e as possibilidades de nele agir, modificar e criar. É na interação com o mundo que o ser se delineia: o espaço em que se pode movimentar, os objetos que se pode manusear, as perguntas permitidas e as perguntas censuradas. Diante do impulso genuíno para conhecer, os limites do ambiente se dão para tecer a história de perguntas e respostas que cada pessoa constrói desde o nascimento aos complexos questionamentos sobre a sua existência.A cada conquista, sofrimento ou situações que desafiam e exigem escolha, o indivíduo é convocado à construção de um saber, um sentido e uma interpretação para o que se vive. As teorias individuais que explicam os acontecimentos da vida impulsionam ou paralisam, incutem culpa ou responsabilidade, promovem as potencialidades, a criatividade e a liberdade ou sustentam sentimentos de incompetência e a passividade diante da vida.Assim, as perguntas e as possíveis respostas que se constrói ao longo de todo o desenvolvimento humano são, por um lado, uma construção individual e, por outro, uma construção que se inicia com as linhas já tecidas e entrelaçadas no novelo familiar. Para avançar, muitas vezes, é preciso desatar os nós alheios que se inserem e confundem ao trançar da própria história. Isto não significa um rompimento ilusório com as dificuldades ao entorno, nem tampouco uma projeção de dificuldades pessoais para o outro; mas sim, implica em reconhecer os limites, elaborar os nós e tecer os sentidos que permeiam a própria vida.