Do doce infantil ao estilo de alimentação adulto-equilibrado. Do andador ao veículo motorizado. Do brinquedo de faz-de-conta às contas que se constrói para uma vida idealizada. A cor do cabelo, o liso e o encaracolado. A estética. A viagem. O trabalho e o diploma. O que se apresenta externa e internamente. Para tudo há uma tendência e um fora de MODA.
Incrível pensar que dos anos 60 para cá o jeans oscilou tanto quanto outras tendências de comportamento. Novidade, porém, não é que em séculos passados os costumes e tradições ditavam a ordem e as razões para uma vida “tranquila e feliz”: desde o comprimento da saia e da fala das moças à necessária destreza e bravura aos rapazes. O que vestir, o que falar e como se portar era bem sabido por todos, assim como os valores e a consciência de si – da própria origem e do lugar em que se cabe. Ancorados nos modelos político-econômicos, morais e religiosos daquelas épocas, os valores pessoais não se contrastavam aos valores socialmente instituídos. Homens e mulheres tinham, assim, seus lugares definidos e delimitados, sob a segurança de um falo protetor, garantido pelas figuras paternas das sociedades ditas patriarcais.
À medida que estas figuras se esvaem e a sociedade se vê à mercê das engrenagens do capitalismo opressor, a liberdade é tolhida pela ilusão de um novo mundo sem fronteiras. Trabalhar e conquistar – eis o lema – o que se quiser. Mas, afinal, o que se quer? Encontrar e assumir a própria potência fálica antes resguardada pelas instituições, outrora sufocada pelas grandes máquinas de produção e agora distribuída na variedade de produtos, projetos e estilos que as modas de mercado oferecem?
Uma busca desenfreada se instala e as consequências parecem desembocar no vazio, na solidão e na insegurança de quem busca se adequar e atingir as mais altas tendências que se impõem como saída à falta de referência e pertencimento sociais.